Blog Clara Nunes: novembro 2013

27 novembro 2013

Clara Nunes Memorial

Após 30 anos de morte, Clara Nunes recebe homenagens em sua terra natal


Trinta anos após sua morte, em 2 abril de 1983, a cantora mineira Clara Nunes é reverenciada em sua terra natal, Caetanópolis, a 96 km de Belo Horizonte. Há 1 ano , foi inaugurado o Memorial Clara Nunes, em frente à creche que leva seu nome, por iniciativa da irmã da cantora, Maria Gonçalves, a dona Mariquita, que criou Clara após a morte dos pais, quando ainda era criança.






Dona Mariquita, irmã que criou Clara Nunes após a morte dos país e idealizadora do espaço



Clara Nunes recebendo artista em sua gravadora, a Odeon

                    Clara entre João Nogueira, Alcione e Nana Caymmi


Fotos e documentos de Clara Nunes expostos no Museu Têxtil Décio Mascarenhas, da Cedro & Cachoeira, onde entrou aos 14 anos

Memorial
“Pouco antes de morrer, Clara tinha me falado que queria cantar apenas por mais cinco anos e depois abrir uma creche para crianças carentes, se dedicando só a isso. Cinco anos após sua morte, eu consegui abrir a creche aqui em Caetanópolis, quando era vereadora. Agora, 30 anos depois, criamos o memorial”, conta Mariquita, hoje com 83 anos.
No espaço pequeno, construído numa casa doada pelo sobrinho de Clara, há fotos, alguns dos vestidos usados pela cantora durante sua carreira, objetos pessoais, fotos, bandeira da Portela, sua escola de coração e recortes de jornais. Alunos de história da Universidade Federal de Juiz de Fora ajudam na conservação e catalogação das peças. “A gente tem mais de 100 vestidos dela, mas estava tudo num quarto da creche. Agora, fazemos a rotação das peças expostas. Recebi doações de políticos para arrumar o espaço e a ideia é, com o dinheiro das entradas, reverter alguma coisa para creche, que necessita de doações”, conta Mariquita. A entrada custa R$ 5.

Site traz pequena biografia

12 novembro 2013

Globo News

Clara Nunes era muito forte, afirma atriz 


que interpreta cantora no teatro





Clara Santhana conta que firmeza que a cantora tinha a encantou bastante.
Espetáculo 'Deixa Clarear' é resultado de mais de um ano de pesquisas.

No ano em que se completam 30 anos de saudades de Clara Nunes, um musical dá aos fãs a oportunidade de reencontrar a vida e a obra da cantora. Com direção de Isaac Bernat e texto de Marcia Zanelatto, o espetáculo ‘Deixa Clarear’ é fruto de mais de um ano de pesquisas de Clara Santhana. “Vendo entrevistas, vi que ela era uma pessoa muito esclarecida, muito forte”, afirma a atriz.
Ela conta que a firmeza e o fato de não se deslumbrar com a fama de Clara Nunes começaram a encantá-la. Para interpretar a personagem, Clara Santhana foi a Minas Geraisencontrar com a irmã da cantora, conhecida como Dindinha. “Ela foi um amor, nos recebeu de braços abertos. Ela tem uma alegria de contar os fatos que Clara viveu, foi me apresentando cada peça de roupa e me contando a história”, relembra.

07 novembro 2013

Clara no Teatro

Clara Nunes recebe homenagens nos palcos 30 anos após sua morte

Atrizes que interpretam 'A Guerreira' conversam sobre sua trajetória

As atrizes Clara Santhana e  Sandra Serrado vivem a interprete e cantora Clara Nunes (Foto: Divulgação)As atrizes Clara Santhana e Sandra Serrado vivem a cantora Clara Nunes (Foto: Divulgação)
“Porque eu sou guerreira, dentro do samba eu nasci, me criei, me converti e ninguém vai tombar a minha bandeira”. Clara Nunes, uma das maiores intérpretes do Brasil, sempre cantou sua história com um batuque brasileiro singular, influenciado pelos ritmos e danças africanos. Sua música, forte e politizada, rompeu barreiras e a tornou a primeira mulher a vender mais de 100 mil cópias de um disco no Brasil. Esta trajetória é contada nos espetáculos “Deixa Clarear” e “A Sabiá – Tributo a Clara Nunes”, que homenageiam "A Guerreira", como era chamada, 30 anos depois de sua morte.
A pedido do Globo Teatro, as atrizes Clara Santhana  e Sandra Serrado bateram um papo e falaram não só da admiração pela cantora como também de sua importância para o país.
Saiba dias e horários dos espetáculos

Sandra Serrado: Como foi o processo de preparação da personagem? 
Clara Santhana: Minha mãe falou que, quando eu estava na barriga, ela escutava muito a Clara Nunes. Nasci Clara, filha de paraibana sanfoneira com carioca bluesman e, ainda pequena, escutava de Luiz Gonzaga a Rolling Stones. Fui crescendo e me interessando pela Clara Nunes. Seu canto me tocava a alma e eu achava o máximo termos o mesmo nome. “Deixa Clarear” nasceu a partir da minha paixão não só pela cantora, mas também pela postura que ela tinha. Primeiro, me encantei pelas músicas. Depois, me fascinei pelo que ela tinha a dizer. Queria dizer tudo isso também. Mergulhei fundo na discografia dela. Fui a Caetanopolis-MG, cidade onde nasceu e entrevistei Mariquita, a irmã da Clara que a criou e que ela chamava carinhosamente de Dindinha. Na peça, interpreto não só a Clara Nunes, mas também a Dindinha, o pai da Clara e há momentos em que sou a Clara Santhana falando sobre a Clara Nunes. Nossa ideia não foi imitá-la, mas fazer uma referência, prestar-lhe uma homenagem.
Clara Santhana com a banda ao vivo no espetáculo "Deixa Clarear" (Foto: Claudia Ribeiro)Clara Santhana com a banda ao vivo no espetáculo
"Deixa Clarear" (Foto: Claudia Ribeiro)
SS: Você já conhecia a história da Clara Nunes antes de interpretá-la? Depois de vivê-la nos palcos, sua relação com a artista mudou?
CS: Antes de decidir fazer o "Deixa Clarear", sabia de fatos de sua história. A partir do momento que decidi fazer uma peça sobre a Clara, li alguns livros sobre ela, vi algumas entrevistas e falei com pessoas que conviveram com ela. Mas o que me interessa mesmo não são propriamente os fatos que aconteceram na sua vida íntima, mas o que ela tinha a dizer como artista. É muito emocionante fazer um trabalho sobre a Guerreira. É muito amor. A relação de admiração por ela cresce a cada vez que piso no palco. Consigo sentir sua força, sua luz e axé. É bom demais. A Clara era linda. Estou muitíssimo feliz de poder representá-la. Aprendi e tenho aprendido muita coisa com este trabalho, com a história da Clara. Firmeza e pé no chão (risos)! 
SS: O que você acha que a Clara Nunes representou para o cenário musical brasileiro?
CS: Representou muita coisa! Clara valorizava o que é nosso, o que é genuinamente brasileiro. Sem perder a simplicidade de uma moça humilde que veio do interior, Clara venceu numa época em que se falava que mulher não vendia disco. Foi muito popular. Era do povo e fazia questão de cantar para o povo. Cantou a mistura de nossa raça, a esperança de um povo que luta, que sofre com sorriso no rosto e um rebolado nas cadeiras. Pra mim, Clara é um grande sorriso. Um sorriso aberto, um abraço apertado. É lindo ver como as músicas que cantava, ainda hoje, fazem todo sentido. 

Clara Santhana: Qual era a sua relação com as músicas da Clara Nunes e também com a artista antes de você começar a fazer este espetáculo?
Sandra Serrado: Eu cresci ouvindo a Clara. Minha família toda é composta por festeiros e sambistas. A Clara era um ícone muito forte nas rodas de samba. Tive até o prazer de conhecê-la pessoalmente em uma roda em Madureira. Quando ela morreu, minha avó entrou em luto. Toda a minha família tem uma ligação muito forte com ela. Clara tinha uma peculiaridade que era usar a voz para promover e reclamar. Começou a entrar no interior desse país enorme e divulgou novos talentos. “Canto das Três Raças” é maravilhosa, muito forte. Ela era muito querida. A comunidade do samba abraçou a Clara. Ela foi a primeira mulher a puxar um samba enredo, pela Império da Tijuca. Era muito forte e brigava por questões importantes.

CS: Como você se preparou para vivê-la? 
SS: Foram seis meses de estudo, começando pelo trabalho corporal. Sou muito mais alta que a Clara. Ela não sambava, então foi um trabalho corporal muito intenso do quadril pra baixo para ter o jeito parecido com o dela. Emagreci 6 kg. Além disso, fiquei com o cabelo castanho-acobreado que a Clara tinha. Estou, desde dezembro, vivendo, respirando, tocando e ouvindo a Clara. Assisti a todos os vídeos para ver a postura dela diante da vida, do país e a música. Estudava 12 horas por dia sobre ela. Resolvi parar com tudo para me dedicar exclusivamente a esse projeto. 
Sandra Serrado  no espetáculo "A Sabiá - Tributo a Clara Nunes"  (Foto: Divulgação)Sandra Serrado no espetáculo "A Sabiá - Tributo
a Clara Nunes" (Foto: Divulgação)
CS: Em sua opinião, qual a importância de falar sobre a Clara Nunes hoje?
SS: A trajetória da Clara nos ensinou muitas coisas importantes. Ela surgiu na década de 1970, em que ainda havia muito preconceito com as mulheres artistas. Ela lutou contra isso, bem como contra preconceitos raciais e sociais. Ao longo da vida, pesquisou novos compositores e não se deixou levar por questões comerciais. Só cantava o que gostava. Deixou a sua voz gravada na memória de todos aqueles que a ouviram. Em Buenos Aires, há um lugar em que colocaram a foto dela onde as pessoas rezam. Recebi um grupo de argentinos no espetáculo e um deles chorava tanto que eu fiquei preocupada. Ele pediu para que eu o abençoasse. A Clara marcou a história não só no nosso país, como também em outros. O jeito de lidar com as pessoas também foi algo que ela ensinou a todos. A simplicidade e a humildade são aspectos maravilhosos personalidade dela.